Chiara Valsecchi
Casca de arroz (RH) é um resíduo agrícola com baixo valor agregado, considerado um poluente ambiental de alto risco se descartado de forma inadequada: causa desertificação do solo, aumento do teor de CO2 no ar quando queimado e problemas de saúde a longo prazo se inalado – ou seja, silicose. Pode-se estimar que 140 milhões de toneladas de RH são recuperadas da colheita de arroz a cada ano no mundo, e 2,5% são produzidas no sul do Brasil. Além disso, a RH tem um teor de sílica muito alto, quase 20% do peso líquido da casca. Por essas razões, o projeto visa extrair e purificar a sílica da RH com a intenção de produzir vidros transparentes de cal-soda, criando um produto de valor agregado a partir de um resíduo agrícola. Como a sílica da RH contém traços de óxido de ferro e óxido de manganês, o vidro feito com sílica não tratada da RH geralmente é vermelho-amarronzado. Assim, vários fatores foram investigados para obter a melhor transparência na região visível: pré-tratamentos químicos da casca de arroz (lixiviação ácida), com ácido clorídrico (4% e 10%, amostras A2-A3) e ácido sulfúrico (4% e 10%, amostras A4-A5); condições de calcinação da casca de arroz (temperatura e tempo); e a adição de óxidos de metais de transição à matriz de vidro para formar complexos metálicos transparentes. Os resultados foram muito promissores: a lixiviação ácida remove as impurezas de metais de transição quase totalmente, produzindo um vidro ~80% transparente na região visível. Além disso, com a adição de antimônio (1%) foi possível produzir uma transparência de vidro equivalente ao vidro feito por sílica de areia.