Owain Thomas e Jonathan Sénior
Relata-se o caso de uma senhora de 56 anos, previamente em boa forma e bem, que apresentou uma história de falta de ar progressiva há três semanas. Já tinha recebido tratamento para o cancro da mama em 2013 e a vigilância de rotina não mostrou qualquer evidência de recorrência da doença. Suspeitou-se de embolia pulmonar à admissão, embora a CTPA tenha sido negativa. O relatório notou um fígado aumentado e irregular de etiologia incerta. Estes achados foram discutidos com equipas de hepatologia e radiologia que consideraram que não significavam malignidade. As necessidades de oxigénio do doente continuaram a aumentar e a ecocardiografia transtorácica mostrou uma dilatação acentuada do coração direito com hipertensão pulmonar significativa. Um exame de sangue CA 15-3 foi elevado em 8677, levantando suspeita de recorrência de cancro da mama com envolvimento pulmonar extenso. O doente continuou a piorar e faleceu seis dias após a admissão. Uma autópsia hospitalar não mostrou recorrência do tumor no tecido mamário ou na parede torácica. O exame histológico do fígado mostrou extensas áreas de infiltrado tumoral mal preservado e necrose, enquanto a análise do tecido pulmonar revelou células discoesivas no interior de pequenos vasos pulmonares. Os achados da autópsia são consistentes com o diagnóstico de microangiopatia trombótica tumoral pulmonar (PTTM). Isto ilustra uma apresentação rara de PTTM, que é difícil de diagnosticar, tratar e é crítica em termos de tempo, com resultados post mortem que não mostram recorrência do tumor no tecido local. Apesar da sua raridade, o PTTM deve ser considerado em doentes que apresentem falta de ar aguda num contexto de cancro da mama prévio.